Meu nome é Olympia Angélica
de Almeida Cotta.
Sou filha do Coronel José Gomes de Almeida Cotta e de
Dona Amélia Carneiro Leão, Marquesa do Paraná.
Eu nasci em Santa Rita
Durão mas o destino infernal me carregou pra Vila Rica. Me carregou para penar
e sofrer com esse povo. Eu nasci no ano de 1889.
Sinceridade,Senhora das
Mercês, compadecei de mim. Misericórdia. Socorro! Amparai-me. Livra-me dos
inimigos. Amor tive um só. Uma vez, detrás da rótula do sobrado número 16,
onde morava, meu coração bateu mais forte porque meu pretendente predileto
vinha batendo saltos na calçada. Ele trazia flores, mas não me casei com ele
nem com ninguém. Meu pai, o coronel José Gomes de Almeida Cotta disse que
ele não era homem para mim já que o senhor pode saber e assuntar por aí que eu
sou descendente do poeta Santa Rita Durão, que venho de uma linhagem de nobres
e não poderia nunca ter por esposo um republicano. Um daqueles que maquinam a
derrubada da nobreza.
Digo a você, meu jovem: Era um pretendente por demais
belo. Me deu um abacate, um dia. Não poderia me ter e me deu um abacate. Um
abacate amargo. Ó, ainda sinto seu fel na boca até hoje. O meu último homem foi
Juscelino.
Era meu noivo mas nunca dei esperanças.
Vinha aqui em casa me
cortejar, mas amores e abacates nunca mais. Vou ficando por aqui, meu jovem. Se
for do seu conforme, me dê uma moeda. Se não, me dê um papel de bala, um toco
de cigarro ou qualquer coisa que o senhor achar que sou merecedora. Meu mundo
carrego aqui. Minhas riquezas são vossos presentes. Que Deus seja louvado! Não
há de faltar chapéu para a minha cabeça, ainda que eu viva mais 20 anos.”
“Lá vai Ouro Preto embora, todos bebem
e ninguém chora…”
SINHÁ OLYMPIA
Este desenho é do Acervo pessoal de http://eliaslayon.com.br/
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