sábado, 15 de julho de 2017

Resiliente restauro.





                                                      Por Isabel Cristina Nóbrega


"...A idéia de realizar esta pesquisa nasceu antes mesmo de pensarmos em um trabalho acadêmico. Quando ainda cursávamos “Restauração de Obras de Arte”, na Fundação de Arte de Ouro Preto –FAOP, em 1987, sentíamos a necessidade de ser feito um trabalho teóricosobre a questão da preservação dos “Bens Móveis e Integrados”  no Brasil.
Acreditamos, portanto, que esta dissertação, apesar de não pretender tratar o assunto na sua total complexidade, oferecerá uma contribuição para esse estudo.
Conhecendo a obra de Jair Afonso, é fácil compreender sua importância dentro da historiografia da preservação dos nossos bens culturais. Com trabalho árduo, ele trouxe à luz pinturas, talhas e esculturas do período barroco, que haviam sido encobertas, no século XIX.
Jair enfrentou todas as dificuldades advindas de um empreendimento novo como era a restauração naquele período, no Brasil.
Teve problemas especialmente na área financeira, pois a verba destinada ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –SPHAN era bastante reduzida, tanto para os gastos nas obras, como para o pagamento do pessoal. A falta de equipamento adequado obrigava-o a adaptações. A não organização das funções fazia com que trabalhasse com afinco na restauração e supervisão das obras, durante o dia, e na administração da verba, à noite.
No Brasil, a área de restauração de “Bens Móveis e Integrados” surge em 1947, quando Edson Motta retorna ao país, depois de especializar-se em “Restauração” nos EUA, e implanta o “Setor de Recuperação” no SPHAN.
Jair Inácio inicia sua carreira na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, ainda adolescente. Começa como auxiliar de Estevão de Sousa, que por sua vez era subordinado a Edson Motta.
Jair Afonso Inácio contribuiu para a formação do alicerce do que vem sendo construído na área de preservação de “Bens Móveis e Integrados”, no Brasil. Deve, portanto, ser considerado como um dos precursores da restauração/conservação em nosso país.
Para a elaboração deste trabalho, usamos da pesquisa documental e da pesquisa de campo.
Assim, primeiramente contatamos a família do restaurador.
Gentilmente ela nos emprestou um caderno, grande, em que Jair Inácio colocava as entrevistas de jornais e revistas das quais participou (após sua morte a família ainda continuou a catalogação).
Nosso procedimento seguinte foi a pesquisa no arquivo do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, no Rio de Janeiro, onde encontramos alguns textos sobre Jair e documentos sobre monumentos restaurados em Minas Gerais. Pesquisamos, ainda, o arquivo particular da família, onde encontramos precioso acervo documental: relatórios sobre os monumentos, apostilas de cursos que Jair ministrava, rascunhos e cópias de cartas, reflexões sobre os monumentos restaurados, sobre arte e religião, laudos de obras de arte, síntese de textos de arte, pesquisa sobre iconografia
cristã e artistas barrocos, fotografias, entre outros.
Fomos, também, ao IPHAN – Belo Horizonte, onde pouco material encontramos, pois na época em que Jair Inácio trabalhava no “Patrimônio”, seu contato era diretamente com o IPHAN – Rio de Janeiro.Última etapa de nossa pesquisa foram entrevistas com parentes,amigos,ex-alunos e colegas de trabalho do restaurador,processo que esclareceu muitos pontos da vida de
 Jair Afonso Inácio..."


                                                      BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES UNESP.

               

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