sexta-feira, 22 de junho de 2018

Convite da Escola de Arquitetura de Minas Gerais



                                               ESCOLA DE ARQUITETURA                                                                                             RUA PARAIBA, 697 - BELO HORIZONTE

N.° 408/63 Belo Horizonte, 9/maio/1963                                                                               Diretor da Escola Ao Sr. Prof.Jair Afonso Inácio                                                               Assunto: Faz convite.
Senhor Professor.
O Curso de Belas Artes da U.M.G. tem a necessidade premente de instalar uma aula de Restauração, para a qual lembrei-me de convidá-lo. No corrente ano as condições não são animadoras constituindo a tarefa um certo sacrifício já que implicará em cinco horas por semana, com a remuneração de Cr$15.000,00 por mês .
Creio, porém, que no futuro e já no próximo ano, as condições serão muitíssimo melhoradas e acho que seria uma boa oportunidade para seus méritos. Pergunto-lhe, pois, com espécie, se lhe interessa o assunto.
Cordialmente,
Prof. Sylvio de Vasconcellos
Diretor



quinta-feira, 7 de junho de 2018

Quando a "Ceia" de Ataíde visitou BH.

DEC. UTIL. PÚBL, FED. N.o 62.100/16.1.68
COLÉGIO DO CARAÇA
REG. NO C. N. S. S. N.° 6.150/66 SANTA BARBARA - MINAS
INSC. NO CAD. GERAL DE CONT, 24.378.499/1
Por autorização verbal do Rev. Sr. Padre José Elias Chaves, nosso Provincial, transmitida pelo Rev. Sr. Pe. Marcos Evangelista Gonçalves, entrego ao Sr. Clementino Doti, Diretor da Hidrominas, e ao Sr. Jair Afonso Inácio Técnico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a "CEIA" Ataíde' que, a pedido do Ex. Sr. Governador do Estado Sr. Dr. Israel Pinheiro, deve figurar numa exposição de Arte, em Belo Horizonte. Estavam presentes ao ato de entrega os Rev. Srs. Padres Paulo Rodrigues, Nilson Grossi, Lauro Palú, Marcos Evangelista Gonçalves, Irmãos Nilo Neto, Jeronimo Nunes, e o Rev. Sr. Pe. Joaquim Sales Coelho, Ecônomo, que faz esta entrega.

                                                Caraça, 29 de janeiro de 1970.
       
                                                              Recebemos

                                                    Joaquim Sales Coelho
                                                         Clementino Doti
                                                        Jair Afonso Inácio
                     
Jair Afonso Inácio

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Carta sobre Jair.


Como o Sr. Jair Afonso Inácio está partindo de Bruxelas hoje, eu creio que a sua Fundação Rockefeller gostaria de receber uma pequena avaliação sobre a sua permanência conosco. O Sr. Inácio tem estado trabalhando em vários Departamentos do Instituto, incluindo o Departamento de Microquímica, Física e Fotografia, mas sobretudo o Departamento do Conservação. Exatamente em relação à conservação e restauração (pintura, escultura, - madeira e pedra – metais, etc.), ele também vem recebendo treinamento na identificação científica de materiais, na preparação de cortes transversais e no exame e fotografia com infravermelho, visível, ultravioleta e raio-X. Acresce-se ainda, e com a total aprovação da Fundação, o Sr. Inácio tem participado de várias reuniões internacionais: a Conferência em Roma; a reunião conjunta dos Comitês Internacionais do ICOM, do Laboratório de conservação de Pinturas em Barcelona; a conferência geral do ICOM na Holanda, assim como muitas visitas à laboratórios de museus na Europa. Agindo dessa forma, o Sr. Inácio fez muitos contatos pessoais que só podem ser benéficos para o trabalho da futuro da diretoria. Por fim, menciona que, com a UNESCO e ICOM me pediram para preparar um estudo sobre a preservação da herança cultural em climas quentes e úmidos, pedi ao Sr. Inácio para ser membro do grupo de trabalho.
O Sr. Inácio foi um aluno esplêndido. É muito inteligente e trabalha bastante, sempre buscando atingir os mais altos padrões; é também uma criatura humana amável. Consequentemente, tem sido um prazer a todos os meus assistentes trabalhar com ele. Além disso, nos estamos convencidos de que ele tem se beneficiado de todo o ensinamento teórico e prático que recebeu aqui. Gostaria, ainda, de exprimir a esperança de que este Instituto permanecerá em contato com o Sr. Inácio, com a Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico [DPHAN].

                  ARQUIVO CENTRAL – IPHAN. Serie Centro de Restauração de Bens Culturais.                         Carta de Paul Coremans para John P. Harrison, Diretor Assistente da Fundação Rockfeller. Datilografada. 31 de jul. 1962.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Primeira Turma FAOP 1971


Alunos da primeira turma de Jair, estão Márcia Valadares, José Efigênio Coelho Pinto, Maria José Assunção da Cunha, Orlando Ramos, Adriano Ramos, Marta Rúbia Resende, Marta Rioga, Sílvio Luiz Rocha Viana de Oliveira, Júlio Victoria Barros, Joaquim Manteiga, Júlio Hermendane, Ângela Leite, Paulo Chiquitão, Luiz Antônio Chiquitão, Vinícius Godoy, Mônica Versiani, Júlia Amélia Vieira, Klauss Ataíde, Fátima Guedes, Maria de Jesus Versiani, Deolinda Vicente Rioga, Sueli Damasceno, Ângela Pinheiro, Ney Cocada, sendo muitos deles com êxito na restauração ou áreas afins.
                                                                                                                                                                       omundodosinconfidentes

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Prosas de Ouro Preto

                                                                                            Desenho: Roberto Alves

Reza a lenda que foi mais ou menos assim: depois de passarem o dia subindo e descendo ladeiras, trupicando em capistranas escorregadias e parando para observar passarinhos e folhagens, altares e oratórios, os dois burocratas enfim chegam ao restaurante do Hotel Tóffolo, situado na rua São José, 72, uma das poucas casas de pouso da Ouro Preto de meados dos anos 1940. Estavam esgotados e, além disso, preocupados com o que viram: parte do barroco mineiro, se nada fosse feito, estaria com os dias contados.    Com pesar, um dos funcionários, Manuel Bandeira, membro do conselho consultivo do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), constatava que a antiga Vila Rica era toda “cinza e desgosto”. Também aflito, seu companheiro de versos, carimbos e circulares, Carlos Drummond de Andrade, temia que os muros brancos que tudo viram e reviram caíssem não só no esquecimento, mas literalmente.    A questão a ser resolvida naquela noite, contudo, era de ordem mais imediata: estavam, os dois modernistas, completamente famintos. Mas sucedeu que um aspecto do passado que poucos gostariam de ver preservado – a conservação de carnes em gordura animal, uma vez que os refrigeradores ainda não eram acessíveis – impossibilitou a tão ansiada refeição dos poetas. Por não terem avisado com a antecedência devida que gostariam de cear ao hoteleiro, o italiano Olívio Tóffolo, restou o encabulado anúncio de que não haveria jantar.    Não há registros sobre a reação imediata dos dois, mas é de se supor que felizes eles não ficaram. Como Bandeira não estivesse em condições de reclamar – ele se hospedava num esquema de permuta, trocando exemplares de seu “Guia de Ouro Preto”, lançado em 1938 por encomenda do SPHAN, por uma cama no hotel –, coube a Drummond expressar o descontentamento da dupla.
Nascia ali o poema “Hotel Tóffolo”, publicado originalmente em 1951 no livro “Claro Enigma”:
“E vieram dizer-nos que não havia jantar.
Como se não houvesse outras fomes e outros alimentos.
Como se a cidade não nos servisse o seu pão de nuvens.
Não, hoteleiro, nosso repasto é interior e só pretendemos a mesa.
Comeríamos a mesa, se no-lo ordenassem as Escrituras.
Tudo se come, tudo se comunica, tudo, no coração, é ceia.”
                                                                     Leandro Aguiar
                                                      http://riscafaca.com.br/historia/modernistas-ouro-preto/


















terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Por Dom Barroso





    A convivência com pessoas e realizações 
do passado, oferece-nos condições de
viver o momento presente e de fazer chegar toda a riqueza do passado, às gerações do futuro, que não podem desconhecer as matrizes de sua história, escritas com o esforço e a arte de  antepassados que teriam ficado na lista dos ilustres desconhecidos. Não fora o empenho de historiadores que, através de pesquisas serias, colocaram em relevo artistas como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cuja arte atrai numerosos turistas, sábios admiradores de tudo o que é, verdadeiramente, belo artístico.
Tive o privilégio de conviver com o talentoso restaurador Jair Inácio. Conheci os seus avós, os seus pais e os seus irmãos. Todos eles, dedicados paroquianos, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto, da qual fui vigário, durante 26 anos. Quando Jair Inácio trabalhava na restauração da Igreja de São Francisco de
Assis, deparou com um conjunto de riscos arquitetônicos, em uma das paredes do corredor que dá acesso da nave à sacristia, ao lado da capela mor. Situa-se na ala, à esquerda de quem entra no templo. O talentoso restaurador teve a feliz inspiração de deixar aqueles riscos expostos, depois de remover, cuidadosamente, toda a massa que, até então, os encobria. Na parede onde se situam aqueles riscos, podemos observar, bem nítidas, as marcas dos ponteiros, dos compassos de ponta seca, as linhas de concordância, segundo observação do professor de arquitetura da FAU/USP, Dr. Benedito Lima de Toledo, em sua obra Esplendor do Barroco Luso-Brasileiro. Jamais se apagará da minha memória aquele momento em que o meu amigo Jair Inácio me levou a conhecer aquela sua descoberta! A partir daquele momento, como responsável pela Igreja de São Francisco de Assis e pelo Museu Aleijadinho, na condição de pároco e de fundador do Museu Aleijadinho, passei a incluir aquela extraordinária descoberta, no roteiro de visitação turística da Igreja de São Francisco de Assis. Segundo o professor de arquitetura da FAU/USP, Benedito Lima Toledo, aqueles riscos na parede do corredor, de excepcional importância para a compreensão do processo construtivo das igrejas mineiras do Sec.XVIII, seriam riscos do frontão da igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto. Outros riscos, traços e marcas, provavelmente usados na confecção de moldes e peças da construção, foram posteriormente encontra-os, no piso do consistório (sala de reuniões da Ordem Franciscana) desta Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto, por atentos pesquisadores das práticas e técnicas construtivas tradicionais. Creio não ser irrelevante chamar a atenção para esses detalhes dos riscos arquitetônicos, porquanto, trata-se de um tema de fundamental importância para a compreensão dos canteiros de obras, de um modo geral e da cantaria mineira, de modo especial.
                                                 
                           Dom Barroso